terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O SEGREDO


São 21:51.
Na mais longa conversa desde que ousei contar-te a minha vida, fixo os meus olhos nos teus para que não te sintas tentada a fazer que me ouves. Quero realmente que me ouças. O que te tenho vindo a contar é o mais precioso que possuo, o meu maior tesouro. Neste momento, estou a revelar-te o código que te levará a ele. Não o ignores, por favor.
Ouves o que te digo? Compreendes o significado latente de cada palavra que sai pela minha boca? Consegues perceber o porquê de eu te contar tudo isto? Deus, como me sinto nua neste momento. Sou um livro aberto, revelado e sujeito à tua avaliação. Tenho receio que me interpretes mal e acabes por fazer julgamentos injustos.
É melhor ouvires tudo até ao fim, antes de dizeres o quer que seja. Antes de me julgares.
Vou revelar-te mais um pequeno segredo da minha vida. Este o mais importante, o mais pessoal. Promete-me que não vais falar com ninguém sobre ele. Promete-me! Pronto, eu confio em ti. Vou contar-te...

22:01.
Vais embora? Assim, sem uma justificação? Agora? Mas eu preciso de ti, preciso que me ouças, que me acalmes... Eu revelei-me a ti com toda a sinceridade que possuo. Mostrei-te quem sou, o que penso, como me sinto... Tens mesmo que ir? Não podes confortar-me um pouco, aliviar os meus medos, os meus sufocos? Preciso tanto de ti, tanto...
Está bem! Eu compreendo. Tens mesmo que ir. Eu compreendo... Mas quando nos vemos novamente? O que disseste? Não sabes... Claro, eu compreendo... mais uma vez, compreendo!
Quando puderes, liga-me! Quero ouvir o que tens para me dizer...
Não te prendo mais, vai! Eu fico aqui, um pouco mais...
Obrigado por me ouvires...

22:07.
O que estarás a pensar de mim agora? Porque terás ido embora, assim, sem sequer te manifestares sobre o que te contei? Terás ficado com má impressão de mim? Terei eu perdido uma amiga por me ter exposto desta maneira, por te ter contado quem realmente sou?
Tenho medo... Sinto arrependimento. Não deveria ter dito uma única palavra...

23:57.
Estás a telefonar-me! Devo atender? O que terás para me dizer? Oh, que bom que é ouvir a tua voz. De repente, o meu coração acalmou...

00:31.
Ainda bem que me ligaste. Ainda bem que me acalmaste. Ainda bem que me ofereceste aquelas palavras aconchegantes, eternamente libertadoras.
Agora sei que não estou sozinha. Estás comigo. E eu ganhei um novo segredo, um ainda mais profundo, mais sufocante, constrangedor. Mas não to posso revelar, este não. Não me questiones mais, não to direi! É meu, só meu...
Talvez um dia venha a dizer-to, mas agora apenas o digo a mim mesma! Só eu o posso conhecer, pois só eu o compreendo na sua totalidade. Agora que estou sozinha, posso pronunciá-lo em voz alta... Não, vou sussurá-lo!
"Procurei-te porque precisava de me encontrar a mim... Tu fugiste e encontraste-me. Eu fiquei e encontrei-me a mim, encontrando-te a ti!"
Fotografia de Patrícia de Oliveira

4 comentários:

Anónimo disse...

olá, patricia, quero dar-te os parabéns por este blogue fresco e bonito :) gosto da tua maneira de escrever e das etiquetas, estive a ler um bocado e vou voltar. continua assim!
clarissa

Teresinha disse...

Lindo..:) sem mais palavras..

Um grande beijinho!!
Gos'ti*

Ana Filipa Pinto disse...

"Procurei-te porque precisava de me encontrar a mim..." - obrigado por me deixares encontrar um bocadinho de mim em ti, minha caracolinhos =)...

Beijinho e um "gosto de ti"...

Unknown disse...

mas onde é q tu foste buscar inspiração pa isto? até dá gosto ler...

beijito